segunda-feira, 19 de julho de 2010

Entrevista com Walter Firmo

por CAROLINA MOTTA e VANESSA OLIVEIRA
                                                                                                                 
Ele é um dos maiores nomes da fotografia brasileira em todos os tempos, com prêmios internacionais, exposição no mundo inteiro e livros publicados. O carioca Walter Firmo Guimarães da Silva começou como fotógrafo profissional no jornal Última Hora, em 1957.

Passou pelo Jornal do Brasil, Revista Manchete, Veja, Isto é e na Revista Realidade. Nessa última, foi o primeiro repórter-fotográfico contratado, em 1965. Coleciona em seu currículo prêmios, como por exemplo, o prêmio Esso e 9 prêmios Nikon.

Coleciona também em sua carreira livros como "Trilhas do Rosa", pela Editora Scritta com o jornalista Fernando Granato; FIRMO, pela editora Bem-Te-Vi e “Paris, parada sobre imagens”, editado pelo Ministério da Cultura/Funarte.

Atualmente, vem se dedicando a projetos pessoais, ministra workshops em várias capitais do Brasil e também é professor em um ateliê no Rio de Janeiro, onde pode passsar sua experiência aos alunos.    

"Na cor, descobri o Brasil risonho e apaixonado, lascivo e poético", conta Firmo.

VR -Como a fotografia entrou na sua vida?
FIRMO - Fazia o ginásio, tinha eu 16 anos de idade e, como no samba de Paulinho da Viola, a minha mãe queria que eu fosse doutor, já meu pai queria que eu fosse militar, como ele. A professora de Canto Orfeônico (matéria obrigatória naquela época), dona Estefania, orientou a turma que fossemos apreciar livros na biblioteca da escola e, quando lá cheguei, o primeiro livro que me veio às mãos foi um livro sobre revelações em preto-e-branco.Vislumbrado, amanhecia as noites transitando como um mágico a historiar as vidas das pessoas e de seu país.

VR - Em 1965, você integrou a equipe da revista Realidade, como primeiro repórter -fotográfico contratado para o projeto da Editora Abril. Qual foi a importância disso na sua carreira?
FIRMO - A de passar do preto-e-branco para o mundo da cor. Traçar o mundo ensaiando a mulata, o petróleo, o folclore, toda religiosidade, a natureza, os objetos, enfim, aquilo que Luigi Manprin, fotógrafo da Abril, aludiu: "O mundo é colorido, a vida não".

VR - Por quanto tempo, você trabalhou na revista? E qual o motivo da saída?
FIRMO - Trabalhei no projeto durante os dois primeiros anos, fui para lá em setembro de 64, após a redentora. Fiz o número zero, mas, uma semana antes do lançamento da revista, sair após um acordo verbal com Roberto Civita. A verdade é que naquele tempo eu era muito garoto e subestimava São Paulo, então, por motivos de inadaptação a Sampa voltei ao Rio. Sofri muito com essa precipitada decisão "juvenil", mas, quando se é jovem muitas vezes somos inconsequentes.

VR - Qual foi a matéria mais importante que você cobriu?
FIRMO - Curiosamente, foi na fase que o Mino Carta dirigiu a revista já no chamado descenso, isto é, a publicação estava quase fechando embora fizesse ainda grande sucesso.Foram duas matérias: uma sobre a Amazônia inverno e verão.e a outra, cinquenta anos de arte moderna.

VR - Porque você ficou conhecido como um fotógrafo colorista?
FIRMO - Porque na cor, descobri o Brasil risonho e apaixonado, lascivo e poético.É na cor que sublimamos os encantamentos da vida e o maior ornamento é conviver dentro de um país ufanista no azul profano do céu e na boca escancarada a ostentar a camisa amarela ou vermelha sobre a tez negra orgulhosa.

VR - Você já ganhou premiações importantes, como o Prêmio Esso e o Prêmio Internacional de Fotografia Nixon. O seu trabalho na Realidade ajudou na conquista desses prêmios?
FIRMO - O Prêmio Esso de Reportagem foi um prêmio de texto, uma série de seis reportagens sob o título "100 dias na amazonia de ninguém", cobrindo toda as extensões do rios Amazonas e Negro, reportando a religiosodade, a ação militar, a pobreza, a saúde, o ensino. As fotos também foram minhas.Acho que com este prêmio chamei a atenção da equipe de repórteres que já atuavam na equipe, notadamente o Fernando Mercandante e o Paulo Patarra ... ia me esquecendo, também o Sérgio.

VR - Na nova geração, quem são os expoentes da fotografia no Brasil?
FIRMO - Prefiro não citar nomes para não criar melindres.

VR - Qual a influência do projeto fotográfico da Revista Realidade no Jornalismo Brasileiro?
FIRMO - Influenciou muita gente, foi um marco jornalístico onde a fotografia alinhava-se com o texto e vice-versa.Algumas vezes li as matérias para me compor com as idéias fotográficas incorporadas, alguma luz ou nuance para o alinhamento das intenções.Que grande equipe, que amigos, que saudades, como fui criança!

VR - Existe atualmente alguma revista que tenha um projeto de fotografia parecido com o que era usado na Realidade?
FIRMO - Não.Conversei muito tempo depois com o Roberto Civita, realizando umas fotografias e entrevista que fiz com ele e chegamos a conclusão que hoje a situação política do país não traduz uma publicação com aquela, também os tempos mudaram.
Em outras palavras para terminar: "Camarão que não se sustenta na pedra a onda leva...".

Mais informações, acesse aqui o site de Walter Firmo

terça-feira, 6 de julho de 2010

Realidade no Observatório da Imprensa

por ROBERTA HOERTEL
Jornalista redator do Blog tem artigo publicado no Observatório da Imprensa, no qual cita a Realidade em meio ao contexto da Copa do Mundo.

O dunguismo da imprensa venceu?


Por Carlos Eduardo Caroni

O tempo passa, o mundo muda, mas é curioso notar que o atual jornalismo esportivo brasileiro, ao mesmo tempo em que conta com excelentes profissionais, produz alguns "cientistas da bola" capazes de oferecer equações para solucionar problemas que vão desde questões administrativas a fatores climáticos. Estes também não se cansam de repetir, e adotar como novos, discursos usados muitas décadas antes.

No livro Realidade, 1966-1968, tempo da reportagem na imprensa brasileira, o jornalista J.S. Faro reproduz e analisa a matéria da revista Realidade sobre a decepcionante campanha na Copa de 1966, na Inglaterra. O Brasil, bicampeão mundial, sofreu com uma série de erros na preparação – incluindo a convocação inicial de mais de quarenta jogadores – e saiu ainda na primeira fase.

"`Mas o que aconteceu? Onde está o futebol brasileiro?´, perguntavam os repórteres. Na resposta, uma lista interminável de críticas, entre elas a ante-visão de que `o futebol de hoje exige preparo físico, tática, trabalho de equipe e planejamento inteligente. Exige, enfim, dirigentes à altura do desafio. Por desgraça nossa, não os tivemos´. Era a modernização chegando ao futebol, substituindo a velha concepção – ainda segundo os jornalistas – do exclusivo brilho individual dos atletas como condição determinante das vitórias."

Os abusados e os acuados

Quarenta anos depois, o time que disputou a Copa da Alemanha, em 2006, era formado por jogadores de qualidade indiscutível e, até antes do mundial, vinha fazendo partidas memoráveis. No momento mais importante, porém, os dribles e as trocas de passes envolventes deram lugar a um futebol burocrático que não foi capaz de resistir à atuação impecável do francês Zinédine Zidane. Após a eliminação, o que até então era vendido por boa parte da mídia como "a alegria brasileira", passou a ser oba-oba. Habilidade sem seriedade e comprometimento não seria suficiente. Era isso, segundo os "especialistas", que estava faltando.

Nesse contexto, o surpreendente anúncio de que Dunga seria o treinador da Seleção não era de todo incoerente. Ele não simbolizava tudo o que faltou na campanha anterior? As críticas fariam sentido? O fato de o ex-volante assumir o posto sem experiência anterior realmente o descredenciava? A alegria inconsequente não demandava um novo "discurso da eficiência"? Afinal, o que queriam os profissionais da imprensa? Instalava-se nesse ponto a origem de uma relação conflituosa.

Tentemos entender a difícil convivência entre os "profissionais do futebol". De um lado, jornalistas que têm como base do seu trabalho o questionamento mas, por vezes, passam dos limites; e do outro, aqueles que se sentem acuados e, também exagerando, respondem soltando impropérios para quem quiser ouvir. As entrevistas coletivas, muitas vezes, passaram a ser nada mais do que campos de batalhas.

Um passo em falso

A passagem de Dunga como treinador é um bom exemplo disso. O treinador, a cada crítica, se sentia perseguido. Não apenas pelo trabalho que vinha desenvolvendo, mas também pelo que julgava uma incoerência do discurso da mídia. Não era ele, com seu futebol de poucos recursos, o sinônimo de uma coletividade eficaz? A eficácia desejada não exigiria um "tranco" na improvisação do futebol-arte? Em jogo, estava o sentido preciso da "Era Dunga". As ambiguidades das análises feitas em jornais e televisão eram consequencia de sua primazia. Não seria exatamente o taticismo, hoje condenado, a origem do jornalismo baseado em dados estatísticos e previsibilidade total? Onde o dunguismo dos campos contrariou o das redações?

O "grande erro" de Dunga foi explodir antes da hora. Após a conquista da Copa das Confederações, passou a desafiar os interesses daqueles que não queriam apenas comentar, mas também dirigir a Seleção. Em 2002, muito antes de pensar em ser técnico, afirmara em entrevista à revista IstoÉ Gente que "Scolari carregará para o resto da vida o mérito de ter mantido suas convicções e, com elas, ter levado o Brasil ao penta". Dunga desejava repetir Felipão e, por isso, comprou uma briga da qual dificilmente sairia triunfante. Tratava-se de uma imensa caminhada que poderia ser interrompida por causa de um simples passo em falso. Assim foi, e ele perdeu. Mas fica a pergunta: além dos holandeses, alguém venceu?


Confira o site com o artigo clicando aqui

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Humanizando a reportagem

por CAROLINA MOTTA

Na revista Realidade, "O homem era o centro dos fatos" . É possível observar isso em praticamente todas as reportagens.

Ao descrever uma floresta, uma cidade, o espaço, enfim, isso somente ganhava vida quando os pés descalços do seu Sebastião, ou aquela pobre e desmazelada criança entrava em cena. A paisagem, por mais bela e detalhada que fosse pelo jornalista, na maioria, era apenas o palco, o cenário para o personagem principal: a realidade.

Victor Civita, no primeiro editorial, informou aos leitores qual seria o objetivo e a linha editorial do veículo: "O Brasil vai crescendo em todas as direções. Voltado para o trabalho e confiante no futuro, prepara-se para olhar de frente os seus muitos problemas a fim de analisá-los e procurar solucioná-los." Victor continuou delimitando que a revista fora criada para "homens e mulheres inteligentes que desejam saber mais a respeito de tudo".

Paulo Patarra era o redator-chefe, apoiado por Sérgio de Souza, Narciso Kalili, Luiz Fernando Mercadante, Woile Guimarães, Alessandro Porto e os fotógrafos Roger Bester e Walter Firmo. Os repórteres José Hamilton Ribeiro, Carlos Azevedo, Eurico Andrade, Audálio Dantas, Múcio Borges da Fonseca, Roberto Freire, Roberto Pereira, entre outros, reforçavam o time. As edições ainda contava com personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Nélson Rodrigues, Adoniran Barbosa, Carlos Lacerda, Paulo Francis e Plínio Marcos. Até Frank Sinatra cedeu uma contribuição a revista fotografando uma luta ímpar de Muhammad Ali, acompanhado do repórter, ator e político Norman Mailer.

Falando em fotografias, esse era um ponto forte de Realidade. Fotos grandes, algumas ocupavam duas páginas, reforçavam ainda mais o assunto. Muitas vezes elas chocavam. Como no caso de uma reportagem sobre a mulher brasileira, em que um parto foi fotografado - de um "angulo ginecológico". Essa edição foi apreendida dois dias depois de ir às bancas a pedido de dois juizes de Menores. Outro fator que impediu a circulação foi o conteúdo da reportagem. Nela, muitas mulheres quebraram tabus e falaram sobre infidelidade, sexo, virgindade, casamento e aborto. Os juizes julgaram o "conteúdo indigesto". Foi uma das edições mais polêmicas da revista. O caso se arrastou por 20 meses, até que a edição foi liberada.

Uma inovação da medicina foi mostrada na matéria de abril de 1966, intitulada "Os dias da criação". O fotógrafo sueco, num trabalho que demorou sete anos, fotografou um feto de quatro meses e meio dentro do útero. Uma imagem realmente fascinante para a época.

Comparando com as revistas atuais, e guardada as devidas proporções históricas, nenhuma chocou tanto quanto Realidade. Se levada em consideração à época, o choque é maior ainda. Mas esse era o objetivo da revista, mostrar a realidade, nua e crua. Algumas vezes ela vinha nua, como numa reportagem sobre seios da edição de junho de 1972, "Normalmente há sempre 1 de cada lado", em que mostrava muitos seios. Aquilo para a sociedade era um escândalo. Outra vezes era crua. A reportagem sobre a Amazônia mostrava imagens de uma onça totalmente sem a pele e ensangüentada, em carne viva.

Exercendo a função de reportagem social, muitos assuntos como fome, miséria, guerras, religião e política sempre eram pautados. A edição de outubro de 1969 trouxe um ensaio fotográfico mostrando o sofrimento da população, maior vítima da guerra na África.

Mas nenhuma experiência foi tão vivenciada (como já falamos anteriormente) pelo jornalista como na edição de maio de 1968, "Estive na Guerra". O repórter José Hamilton Ribeiro participou da cobertura da guerra do Vietnã, e acabou fatalmente pisando numa mina terrestre perdendo parte da perna esquerda. O repórter descreve todo o sofrimento e recuperação. A matéria mostrava uma foto do jornalista ferido.

Fonte: Canal da Imprensa

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Meninos do Recife" - Roberto Freire

por VANESSA OLIVEIRA

A revista Realidade pôs em discussão um traço histórico da sociedade brasileira, a marginalização social causada pelas modificações do crescimento econômico. A reportagem “Os Meninos do Recife”, de Roberto Freire, vencedora do Prêmio Esso em 1967, trazia um panorama dramático sobre a dificuldade do menor abandonado, considerando-o como uma “preocupação nacional”. Para a revista, era em Pernambuco que esse problema se tornava mais grave, envolvendo organizações religiosas, governamentais e o trabalho assistencial de personagens, às quais o repórter dava tratamento fictício. Eles desvendaram o envolvimento de partes da sociedade civil na finalidade de reduzir as decorrências do fato.

O tratamento textual que Roberto Freire deu a reportagem ganhou a combinações variadas e interessantes, no qual se movimentavam em dois níveis: o institucional, no qual se debatiam as entidades envolvidas com a questão; e o da materialidade do problema do menor abandonado, que escapava aos projetos assistencialistas postos em pratica para solucioná-lo. Na reportagem, esse duplo “significado” adquiria o feitio de um diário que interpunha datas distintas, localizadas entre 1959 e 1967, início e fim da batalha de dois jovens militantes da Organização de Auxilio Fraterno, instituição voltada ao amparo dos meninos do Recife. Paralelamente a isso, a construção do tempo passado e presente, ao mesmo tempo literária e informativa, deslocando permanentemente a ação a visão do leitor, entre textos de jornais da época, informações objetivas sobre a dificuldade e a atividade romanceada de seus protagonistas. Essa dupla extensão do texto tornou a reportagem de Roberto Freire uma das mais significativas da Realidade.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Realidade e Luis Carlos Prestes

por CAROLINA MOTTA

O ano de 1968 ficou marcado pelos acontecimentos políticos, culturais e nas mudanças tão significativas que o mundo sofreu. Porém, como será que ficou a imprensa da época? A Revista Realidade mostrou as diferenças entre notícias, comportamento e visão daquele ano .

Uma reportagem de Paulo Patarra sobre Luis Carlos Prestes é a principal matéria da Realidade de dezembro de 1968. Ele narra como chegou até Prestes, na madrugada de 19 de setembro de 1968 .
Patarra, diretor da revista Realidade, encontrou-se, ainda no escuro, com um homem que aparentava 35 anos de idade, emissário do líder comunista Luis Carlos Prestes, então vivendo na clandestinidade, obvio, em lugar desconhecido e, segundo o jornalista revelaria a seus leitores, com rosto também desconhecido.

A edição de capa de dezembro desse ano, que circulava às vésperas da edição do AI5, trazia um desenho do Cavaleiro da Esperança, com o título: “Este rosto não existe mais” e tinha no seu interior, 14 páginas com uma entrevista exclusiva e reveladora do homem, que naquele tempo de regime militar e forte repressão encarnava o inimigo número um do governo.

O diretor da Realidade encontrou-se com seu interlocutor na madrugada fria paulista. O homem vendou-lhe os olhos com um pano preto e conferiu se tinha cumprido o trato estabelecido de não levar relógio. Em seguida o conduziu até uma perua sem janelas no interior. O jornalista deitou-se num colchão. Uma cortina preta separava a cabine do interior da camionete. Então, descreve Patarra, seguiram viagem durante algumas horas por estradas com muitas curvas, até o carro adentrar numa garagem escura. Com a luz de uma lanterna nos olhos, para que não pudesse identificar a residência, o jornalista foi conduzido até uma sala espaçosa, a meia luz, “um cobertor grosso na janela deixava passar um resto de sol”, onde o entrevistado o aguardava. Patarra teve de ficar a uma razoável distância de Prestes, mas mesmo assim pode observar que o seu rosto não conferia com o dos retratos oficiais e oficiosos.

 A matéria o descreve como um homem “sem rosto” porque havia feito plásticas e mudado de fisionomia ao longo dos quarto anos (1964-1968), e o autor da matéria não tinha certeza se era realmente Prestes, que o tornou ansioso.

O jornalista não soube precisar o roteiro, mas “não sei por que me pareceu que a estrada era a de São Paulo-Belo Horizonte”. Sentiu grande desconforto pelo longo período de escuridão forçada: “Ficar de olhos fechados durante tanto tempo é de um desconforto doloroso. Tão diferente se torna a relação entre a gente e o mundo”. Mas foi na hora de fotografar que sentiu as limitações impostas pelas circunstâncias. Foi-lhe permitido fazer fotos em P&B (”nos não temos possibilidade de revelar filme colorido”) e de perfil. O filme deveria ficar com eles para ser revelado e as fotos, mais tarde, encaminhadas pelo PCB à redação. Patarra bateu 35 fotos, mas a escuridão do ambiente comprometeu o resultado.

Em 29 de setembro recebeu um envelope anônimo com as fotos liberadas. Não aproveitou nenhuma na reportagem que seria ilustrada com fotos de arquivo e a capa com uma ilustração encomendada a um designer.

O resultado dessa reportagem que Realidade definiu “não apenas como um furo jornalístico, mas um documento importante” da história do Brasil, de fato valeu pela exposição do pensamento de uma das mais importantes personalidades da política brasileira no século XX.

A reportagem resultou num Prêmio Esso de Jornalismo para Patarra que teve acesso a Prestes por conta de sua militância no partido na década de 50. Mas, a repercussão não esteve à altura do personagem. É que quando a revista chegou às bancas a mídia discutia um outro assunto: a crise entre o Congresso e o regime militar (episódio Moreira Alves). No dia 13/12 a mídia silenciava de vez perante a exibição de força de tanques e soldados armados e a prisão de jornalistas, respaldada pelo recém sancionado ato institucional número 5.

Obs.: Seria essa a última entrevista do jornalista Patarra em Realidade; logo assumiria o cargo de diretor de novas publicações da Abril.

Fonte: Almanaque da Comunicação -  por Nelson Cadena

quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Pedrinho não passa de uma criança"

por ROBERTA HOERTEL

Era essa a chamada de uma matéria da Revista Realidade de setembro de 1968. Há 42 anos a revista parecia escrever sobre a realidade do país pelas décadas subsequentes. “Pedrinho não passa de uma criança – No entanto, dizem os jornais, é um bandido perigoso, que já matou três pessoas e ameaça toda uma cidade.” Talvez seja esta uma das mais atuais matérias da revista.

Ao londo das páginas, Dirceu Soares conta a história de Pedrinho, um adolescente de 14 anos que ficou conhecido em todo o país por seus crimes. Sua história começou na segunda metade dos anos 60, em Vila Clara, Zona Sul de São Paulo. Era acusado de pertencer a uma quadrilha que roubava e matava indivíduos da classe média paulistana.
 A revista mostrou que, já naquela época, meninos de bairros pobres brasileiros “aprendem a fumar maconha, tomar injeção de tóxicos (picada), a beber, a ter relações sexuais com prostitutas, a atirar, e a se familiarizar com o crime”. E nenhum brasileiro acharia estranho caso visse essa mesma reportagem estampar as páginas de um jornal na próxima semana.

A revista não parou por aí e, em maio de 1972, publico um especial dedicado às grandes metrópoles brasileiras. São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife estavam ali representadas. E como não podia deixar de ser, nas páginas daquela revista, a violência também estava estampada. Uma longa matéria foi dedicada a assaltos, sequestros-relâmpagos para saque em contas bancárias, homicídios, e o principal, como a população se sentia diante da insegurança que assolava suas vidas.

 Desta vez, o personagem principal era Portuguesinho. O jovem tinha 17 anos e havia formado uma quadrilha composta apenas por jovens adolescentes, que antes mesmo de completarem duas décadas de vida já tinham em seu “currículo” uma série de furtos e homicídios.

 A Revista Realidade acabou, mas a realidade do país continua a mesma.

Realidade e a "Juventude diante do sexo"

por CAROLINA MOTTA

Assim como já citamos, a Realidade chamou a atenção pelo seu aspecto diferenciado em termos do seu formato e diagramação, da construção textual das suas reportagens, bem como pela dimensão dos seus textos. Falamos do seu estilo inovador e também o seu caráter “audacioso” e até “transgressor”, em virtude da abordagem que dava às questões pertinentes ao campo político e comportamental.

Em outro post, mostramos essa característica da Revista Realidade, ao falar da matéria sobre  “A mulher brasileira, hoje”, na qual, segundo o editorial de apresentação, ela pretendia discutir com seus leitores a revolução tranqüila e necessária, mas nem por isso menos dramática, que a mulher brasileira estava realizando naquele momento.  Tal edição foi embargada o juiz da Vara de menores considerou o conteúdo da revista obsceno, profundamente ofensivo à dignidade e à honra da mulher, bem como ao pudor moral e aos bons costumes.

Agora, falaremos de outra matéria polêmica da Revista.
Aonteceu em agosto de 1966, quando a revista publicou uma matéria intitulada “A Juventude diante do sexo”, que trazia a primeira parte dos resultados de uma pesquisa onde mil jovens, dentre moças e rapazes do RJ e SP, entre 18 e 21 anos, responderam a um questionário que tinha o objetivo de descobrir o que eles conheciam, falavam e faziam a respeito da sua sexualidade.
Os planos da revista Realidade eram apresentar aos leitores, no mês seguinte, setembro de 1966, a conclusão dessa pesquisa, o que, não foi possível, já que a revista recebeu uma advertência do Juiz de menores da Guanabara, Alberto Cavalcanti de Gusmão, comunicando que apreenderia aquela edição da revista caso publicasse a conclusão da tal pesquisa que, do seu ponto de vista era “Obscena” e “chocante”. Diante dessa advertência, a revista Realidade respondeu com um editorial, onde explicava aos seus leitores que havia suspendido.

Fonte: A juventude diante do sexo. Realidade, São Paulo: Editora Abril, n.6, Set. 1966.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Realidade em cartas

por VANESSA OLIVEIRA

Nos três anos de sua primeira e mais extraordinária fase, a Revista Realidade chegou a ter circulação mensal de 500 mil exemplares. E não foi à toa. A publicação se diferenciava ao abordar as tendências de comportamento de sua época, chamada pelos próprios jornalistas, que acompanhavam tudo de perto, de “revolução moral”.

Virgindade antes do casamento, legalização do divórcio, independência da mulher, liberdade sexual e celibato eram alguns dos temas geralmente abordados. Sua seção de cartas, que tinha o objetivo de avaliar a recepção das polêmicas reportagens, era um tanto quanto movimentada mas costumava receber mais aplausos do que protestos.

Uma leitora, ao comentar a ameaça de apreensão por obscenidade do número que tratava de sexo entre jovens, escreveu: "Esse Dr. Gusmão [o juiz de menores responsável pela censura] não tem muita imaginação. Ou tem muita".

Já em uma reportagem sobre preconceito racial, a resposta de um leitor “branco e universitário” foi surpreendente: “Não sou racista, mas às vezes não suporto a presença de um branco”.

O texto que enfocou a homossexualidade, porém, foi censurado pelos leitores. Ao invés de denunciar o preconceito, como habitualmente fazia a revista, o repórter tratou a opção sexual como "doença com possibilidade de cura”. Mais de 14 cartas chegaram à redação.

O resultado daquele primeiro momento - que terminou em 1968 após a saída da primeira equipe de jornalistas- ,de qualquer maneira, é vastamente favorável à revista.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Chico Xavier [2]

por CARLOS CARONI

Há poucos dias postamos a respeito de uma reportagem de Realidade sobre Chico Xavier (Disponível aqui).

Faltou mencionar que, em abril deste ano, o médium também esteve na capa da Super Interessante. Ao longo da matéria, a Revista Realidade é citada por diversas vezes. Eis um dos trechos:

A imprensa seguiu na cola. Em 1971, um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, visitou as sessões de psicografia. E denunciou: tinha truque ali. "Meu fotógrafo viu um dos assessores de Chico levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. As pessoas pensavam que o perfume vinha dos espíritos", diz Ribeiro. Os questionamentos colocavam Chico cada vez mais em evidência no país. E o prepararam para aquela que seria sua prova final na mídia, também em 1971: o programa Pinga-Fogo, da TV Tupi.

Clique aqui para conferir a íntegra.

p.s Não é nosso objetivo fazer nenhum juízo de valor do homem Chico Xavier e muito menos de suas contribuições para o desenvolvimento do Espiritismo no Brasil. O assunto só está aqui presente por sua relação com a publicação-tema de nosso blog.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Revista Realidade citada na Desciclopédia ?

por CARLOS CARONI

É, é isso mesmo. O artigo, de fato,  não é sobre a Realidade em si. Trata-se de uma brincadeira com a revista MAD, mas vale a nota. Mesmo considerando que o site é humorístico, a lembrança não deixa de ser um reconhecimento da qualidade da publicação.

Eis o trecho:

"A revista aportou em terras brasileiras no início dos anos 70. Lotário Vecchi, impressionado com o vigor do new jornalism norte-americano decide publicar uma edição nacional da Mad, para concorrer com a revista Realidade, na época o expoente do Novo Jornalismo brasileiro. Para auxiliá-lo, Vecchi convoca o editor Otacílio D’Assunção, mais conhecido como Ota. A revista abriu oportunidade para diversos articulista brasileiros pudessem publicar suas opiniões e críticas."

terça-feira, 15 de junho de 2010

Realidade e o jornalismo esportivo

por CARLOS CARONI

Logo em seu primeiro exemplar, Realidade ousou trazendo uma matéria que previa o triunfo, que jamais ocorreria, do Brasil na Copa de 1966 (leia mais). A título de curiosidade, reproduzo trecho do livro do Jornalista J.S Faro (ver entrevista) sobre a reportagem publicada logo após o mundial. O discurso, feito há mais de 40 anos, é um tanto quanto semelhante com o pós-derrota de 2006. Vejam vocês mesmos.

“Mas o que aconteceu? Onde está o futebol brasileiro?.”, perguntavam os repórteres. Na resposta, uma lista interminável de críticas, entre elas a ante-visão de que .“o futebol de hoje exige preparo físico, tática, trabalho de equipe e planejamento inteligente. Exige, enfim, dirigentes à altura do desafio. Por desgraça nossa, não os tivemos.”. Era a modernização chegando ao futebol, substituindo a velha concepção - ainda segundo os jornalistas - do do exclusivo brilho individual dos atletas como condição determinante das vitórias."

Se em campos ingleses a Seleção esteve longe de fazer um bom papel, Realidade brilhava mudando os conceitos de jornalismo esportivo. Mais do que tratar apenas do jogo em si, a publicação passou a mostrar o caráter mítico do esporte mais popular do país.

A triste sina do goleiro (quase sempre vilão), o fascínio que Flamengo e Corinthians exercem no imaginário de suas imensas torcidas e a rivalidade entre Cruzeiro e Atlético x Mineiro foram só algumas das muitas reportagens que humanizaram o desporto. Tão democrático que era capaz de achar pontos em comum entre ricos e pobres, e até entre ferrenhos adversários políticos:

“No Palácio da Alvorada, dona Iolanda Costa e Silva entra silenciosamente na sala em que o marido conversa com dois ministros. Ele sorri quando ela lhe dá a notícia do gol marcado a 1.200 quilômetros de distância. Quase o mesmo sorriso do sr. João Goulart, sentado na varanda de sua fazenda uruguaia entre um rádio a todo volume e a cuia de chimarrão."

Gol de Placa.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Realidade também no twitter

por ROBERTA HOERTEL 


A mais nova rede social caiu no gosto do público e virou mania. Febre entre os jovens, o twitter também foi amplamente adotado no meio jornalístico.
O Blog da Revista Realidade não ficou para trás e tambén se rendeu às graças dessa ferramenta de comunicação. O twitter é atualizado quase diariamente sempre com alguns destaques sobre o blog e a revista.
Se você também é adepto do twitter e admira a Realidade, siga-nos @virourealidade

domingo, 13 de junho de 2010

Os frutos da Realidade

por ROBERTA HOERTEL


A revista realidade era uma revista mensal. O prazo para fechamento das matérias era maior do que as revistas de hoje. Os repórteres podiam, e deviam, se aprofundar mais nas matérias. O resultado disso eram revistas recheadas com textos impressionistas (de autor), que prendiam o leitor por muitas páginas. Era raro uma matéria ser curta. Para Hamilton Ribeiro, os textos da Realidade eram quase ensaios. O mesmo jornalista, em seu livro O repórter do século, indaga se ainda haveria espaço para esse tipo de jornalismo nos dias de hoje. Ele acha difícil.

Hélio Campos Mello, também jornalista, não concorda com Zé Hamilton. Não só acredita que ainda há espaço para aquele antigo jornalismo, de peso e qualidade, como lançou uma revista inspirada na extinta Realidade. A Revista Brasileiros foi fundada em 2006 e é dirigida por um grupo de jornalistas renomados que têm o propósito de resgatar as grandes reportagens realizadas nos anos 60 e 70. Assim como fez Realidade, o grupo da Brasileiros sonha em revolucionar o mercado jornalístico do país. A inspiração é declarada, orgulhosamente, e está explícita no edital de seu primeiro exemplar, no qual o diretor Hélio Campos escreve:

“Este é seu primeiro número e o início de um trabalho em que a saga dos personagens deste país plural será o alvo de nossos repórteres. Qualquer morador do Brasil, qualquer brasileiro fora do País, qualquer um que tenha uma boa história para contar nos interessa. [...] Como o País, Brasileiros é uma revista plural. Não é chapa branca -não está aqui para bajular este ou aquele governo-, nem é chapa preta -não tem como missão promover o apocalipse a qualquer custo e a qualquer prêmio. Brasileiros não terá pruridos nem para elogiar, nem para criticar.”

Semelhanças não faltam. Nomes de peso e jornalismo de qualidade, a Brasileiros também possui. Em uma época onde internet e telefonemas resolvem todos os problemas, a nova publicação vai até a matéria e resolve tudo lá, vivenciando-a. A revista também acredita que boas reportagens devem ser aprofundadas. Chegar ao extremo da notícia. Uma boa história não deve ser medida em alguns caracteres de um terminal de computador. As matérias são grandes, tem o tamanho necessário para serem contadas por completo, com todos seus detalhes. Textos longos, matérias in loco, profissionais de qualidade que saibam aproveitar os temas... Tudo isso custa caro e dá trabalho. Mas a Brasileiros resolveu reviver essa época do jornalismo do país. E o faz com qualidade.

As marcas que ficarão, daqui a alguns anos se discutem...

Para quem quiser conferir um pouco da revista  Clique aqui

sábado, 12 de junho de 2010

Chico Xavier na Revista Realidade

 por CARLOS CARONI e ROBERTA HOERTEL 

Chico Xavier, o maior dos médiuns brasileiros, recentemente, teve sua vida contada nas telas do cinema. Sucesso de público e de crítica. Muito antes, em novembro de 1971, a Revista Realidade chegou às bancas e abordou o mesmo tema, sem deixar a polêmica de lado. Foram sete página ilustradas com diversas fotografias sobre . Entretanto não foi apenas uma reportagem sobre um importante personagem brasileiro. Era uma matéria de peso sobre um homem que, apesar das desconfianças que causava, ainda possuía grande credibilidade.
 
A história começou quando Amauri Pena, também médium e sobrinho de Chico Xavier, resolveu dar uma declaração aos jornais. Alegando estar amargurado por problemas de consciência,  contou que tudo o que psicografava havia sido criado por sua imaginação. Nenhum de seus trabalhos necessitava da interferência das almas de outro mundo.

Amauri também citou que, assim como o tio, era muito inteligente e tinha facilidade para imitar estilos de outros autores. O tio lia muito e, com ou sem espírito, saberia escrever. Admirava e não desmascarava Chico como homem, mas não acobertaria o médium. Estava instaurado o caos na vida daquele que é considerado a alma brasileira. 


A imprensa seguia todos os seus passos, mesmo quando tentou se refugiar em Uberaba. Realidade não foi diferente, e foi além. Levou um de seus melhores jornalistas, José Hamilton Ribeiro, a uma das sessões de psicografia. Hamilton, com todo seu senso jornalístico, narrou passo a passo o que ocorria naquele local. Sem a crença no espiritismo nem a desconfiança em Chico, o repórter contou ao longo das sete páginas toda a trajetória do médium. 


Amauri foi, posteriormente, tido como alcoólatra e suas afirmações perderam o valor. As dúvidas sobre a veracidade das psicografias de Chico Xavier, entretanto, nunca foram completamente solucionadas. Todavia, o relato de José Hamilton foi incrivelmente fiel e tocante. O texto da  reportagem, publicado há 39 anos, está disponível na internet. Clique aqui e leia a matéria na íntegra

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O encontro de Dadá e José Rufino

por CARLOS CARONI e ROBERTA HOERTEL

Retratar fatos cotidianos e reportar acontecimentos comuns nunca foi a intenção da Revista Realidade. O desafio era sempre seu principal conteúdo. E foi assim que, em 1968, a Revista realizou o encontro de Dadá e o Coronel José Rufino. O desafio? Explica-se:

Em maio de 1940, Cristino Gomes da Silva Cleto, o cangaceiro Corisco, estava em casa com sua mulher, Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, quando os dois foram surpreendidos pelo bando do Coronel José Rufino. Desarmados, após um curto diálogo entre os homens, foram atingidos por tiros de metralhadora. Cristino, na barriga e Dada, na perna. Corisco,resistiu ao ferimento por cerca de dez horas, mas morreu. Dadá teve que amputar a perna. Estava decretado o fim do Cangaço.

Vinte e oito anos após o enfrentamento, a Realidade promoveu o encontro dos dois sobreviventes da época cangaceira brasileira. Ele, bem mais velho e agora doente, chorou ao encontrá-la. Pediu perdão e disse que não queria ter matado Corisco, tudo ocorreu devido ao combate. Ela, esbanjando saúde, disse que o perdoava, mas retrucou a sua versão da história. "Foi um emboscada", afirmou a altiva Dadá.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Paulo Patarra: o pai da revista Realidade

por VANESSA OLIVEIRA
Foto: Associação Brasileira de Imprensa
Paulo Patarra

Paulo Patarra, nascido em 21 de outubro de 1933, era considerado o pai da revista Realidade. Foi o principal responsável pela sua existência e pela fórmula do sucesso que até hoje não se viu igual. Paulo Patarra foi o chefe de redação e levou para trabalhar com ele todo o grupo que planejava montar. Assim, desenvolveu sua linha editorial de grandes reportagens de temas de atualidade. Ele priorizou no Jornalismo as histórias do povo, destacou a mulher, a liberdade sexual, o feminismo, o divórcio (que ainda não era liberado no país), o comportamento da juventude e a música popular.

Patarra procurou tratar de maneira indireta os temas políticos na revista, já que a mesma foi criada na época da ditadura militar. Ele sempre foi um mestre na arte de testar os limites da censura, de avançar e recuar, adaptando conforme a crise. A revista Realidade foi o maior sucesso editorial da imprensa escrita do jornalismo, obteve as maiores tiragens e com isso, entrou para a história como uma das melhores revistas de todos os tempos no Brasil.

Ele passou pela revista “Quatro Rodas”, pela “Rede Globo” e faz parte do “Aqui Agora”. Mas, sua obra máxima foi a Realidade.Em 1968, fez uma entrevista com Luís Carlos Prestes que mereceu ser capa da revista Realidade. Ela foi considerada uma das principais reportagens da trajetória profissional de Patarra e isso lhe rendeu um Prêmio Esso de Jornalismo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

New Journalism

por CAROLINA MOTTA

Truman Capote - criador do New Journalism

Como já dissemos anteriormente, a revista Realidade foi inspirada no conceito norte-americano do new journalism. Mas o que seria isso? O New Journalism é um gênero jornalístico surgido na imprensa dos Estados Unidos, na década de 60, que tem como principais expoentes Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote. Classificado como romance de não-ficção, sua principal característica é misturar a narrativa jornalística com a literária. Uma das publicações que popularizaram o novo estilo foi a revista The New Yorker. Em 1956, o escritor americano Truman Capote publicou o perfil do ator Marlon Brando, intitulado "O duque em seus domínios", que é citado como o primeiro texto do gênero.

Talese define dessa forma o New Journalism: "O novo Jornalismo, embora possa ser lido como ficção, não é ficção. É, ou deveria ser, tão verídico, como a mais exata das reportagens, buscando embora uma verdade mais ampla que a possível através da mera compilação de fatos comprováveis, o uso de citações, a adesão ao rígido estilo mais antigo. O novo jornalismo permite, na verdade exige, uma abordagem mais imaginativa da reportagem e consente que o escritor se intrometa na narrativa se o desejar, conforme acontece com freqüência, ou que assuma o papel de observador imparcial, como fazem outros, eu inclusive."

Já Tom Wolfe abre o famoso ensaio The New Journalism, onde fala sobre as origens do gênero e aponta os seus principais expoentes e características com a seguinte declaração:

"Duvido que muitos dos que irei citar neste trabalho tenham se aproximado do jornalismo com a menor intenção de criar um novo jornalismo, um jornalismo melhor, ou uma variedade ligeiramente evoluída. Sei que jamais sonharam que nada do que escrevessem para jornais e revistas fosse causar tal estrago no mundo literário... provocar pânico, roubar da novela o trono de maior dos gêneros literários, dotar a literatura norte-americana de sua primeira orientação nova em meio século...(Wolfe, 1976, p.9)"

O New Journalism espalhou-se rapidamente por todo o mundo. No Brasil, foi aplicado com sucesso na revista Realidade e no Jornal da Tarde dos anos 60, Opinião, Aqui São Paulo, Versus e, mais tarde, na imprensa alternativa, como a seção “Cena Brasileira” escrita com verniz literário no semanário Movimento pelo repórter Murilo Carvalho.

Esse novo estilo radicalizou a linguagem jornalística a ponto de fazê-la beirar a literatura ficcional.

domingo, 6 de junho de 2010

Realidade e o Jornalismo Científico

por ROBERTA HOERTEL

Que a Revista Realidade foi um marco na história do jornalismo brasileiro todos sabem. São incontáveis os benefícios e avanços que vieram juntos com ela. O que poucos sabem, entretanto, é que a Realidade também deu o pontapé inicial para o desenvolvimento do jornalismo científico.

Até então esse tipo de matéria não fazia parte da rotina de um repórter. O tema era considerado muito difícil para um jornalista comum. Quando era necessário realizar uma reportagem relativa à ciência a função era desempenhada por um profissional da área em foco. Fato que nada facilitava a vida das redações. Além ser difícil achar um profissional, de outra área, disponível a escrever para uma revista, era necessário que o mesmo soubesse realizar bem a função de um repórter. Um encontro quase impossível. Esse tipo de reportagem sempre acabava de duas maneiras, ou não entrava para a publicação, ou virava um artigo técnico, o qual os leitores comuns nada entendiam.

A Realidade não iniciou o ciclo de repórteres escrevendo sobre temas científicos, mas o fez com mais qualidade, incluindo, de uma vez por todas, esses temas à vida jornalística. A prova de que esse modelo funcionou é facilmente vista nos prêmios que a revista recebeu, apenas com o Prêmio Esso foram quatro na categoria Informação Científica (Seu Corpo pode ser um bom presente – José Hamilton Ribeiro – 1973; Marcinha tem salvação: Amor – Marcos de Castro – 1969; De que morre o Brasil – José Hamilton Ribeiro – 1968; Uma vida por um rim – José Hamilton ribeiro – 1967).

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Edição da Realidade nas bancas

por CAROLINA MOTTA

Como já havíamos comentado no blog, a edição de 1967 da revista Realidade fez parte de uma edição especial da Revista Veja no mês de maio de 2010. 

O que destacamos dessa vez é que, 40 anos depois, a Editora Abril relançou (isso mesmo!) a edição "A Mulher Brasileira, Hoje", da revista Realidade, que foi censurada pela Justiça em 1967, durante o regime militar.

A revista já está nas bancas e traz na íntegra as 120 páginas do conteúdo original. Além da reimpressão da publicação, o projeto de re-lançamento inclui um suplemento focado na importância de Realidade para a formação do jornalismo brasileiro, com matérias sobre a censura no Brasil e nos contrapontos entre a vida da mulher brasileira em 1967 e em 2010.

Tal revista abordou temas delicados para a época, como aborto, separação, mães solteiras e virgindade. Ela chegou a circular, mas por ordem judicial foi apreendia e acusada de ser obscena.

Obs.: Essa edição pode ser comprada com o especial Mulher da Veja. Não perca essa chance!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Realidade na Copa

por CAROLINA MOTTA E VANESSA OLIVEIRA

A Copa do Mundo está chegando. Por isso, vale a pena relembrar as passagens de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, na revista Realidade. Como já foi falado no blog, o primeiro exemplar da revista trazia o rosto de Pelé com um busby (acessório que a guarda inglesa utiliza na cabeça).

Nessa edição, estávamos às vésperas da Copa do Mundo na Inglaterra e a matéria foi uma espécie de ficção, contando como o Brasil conquistara o tricampeonato do mundo em terras inglesas. Tudo não passou de uma brincadeira, pois o tri só veio em 1970, no México.

Em janeiro 1971, uma matéria futurista intitulada “1990: uma grande indústria chamada Pelé” apresentava uma reportagem que se precipitava e idealizava a imagem do jogador aos 50 anos. A capa trazia sua face maquiada adotando um bigode espesso e grisalho, sobrancelhas brancas, usando um terno escuro e sóbrio, nas mãos duas bolas (uma de futebol e outra coberta de cédulas).

A intenção da matéria era esboçar uma espécie de radiografia dos negócios e planos futuros do jogador-empresário e personalidade bem sucedida que já se percebia. A revista trazia números, que colocavam Pelé a frente de todos os outros jogadores, até mesmo os mais famosos.

"Publicitário - sua imagem vende de roupa a gasolina, de chuteira a drops. Com isso recebe 63.600 cruzeiros por mês, além das comissões e royaltes sobre vendas no Brasil e no exterior". Negociante - os aluguéis de seus sessenta apartamentos e a renda de suas lojas [na cidade de] Santos dão-lhe por volta de 2.500 cruzeiros por mês". Diretor de relações públicas do Banco Industrial de Campina Grande - para atender aos clientes do banco de Campina Grande [agência em Santos] às quintas-feiras, das 14 às 18 horas, quando pode, ele ganha 5000. Ou quase 5000 cruzeiros por hora". Industrial - como presidente da Fiolax [fábrica de fibras elásticas da cidade de Santo André], recebe 10.500 cruzeiros por mês“. (Realidade, 1971:19)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Realidade no Haiti

por CAROLINA MOTTA

Milton Coelho da Graça e Geraldo Mori eram repórteres da Revista Realidade e fizeram uma matéria histórica sobre o Haiti, onde o ditador Papa Doc comemorava dez anos de poder, ocasião em que ele seria sagrado president à la vie, presidente perpétuo.

A matéria trazia não só as impressões dos brasileiros, mas sim, um roteiro da tática para escapar da vigilância política dos tonton-macoute, o braço repressor da ditadura. A reportagem é uma das primeiras da imprensa brasileira no Haiti.

Em 1967, durante 27 dias, Milton Coelho e Geraldo Mori percorreram o Haiti. Disfarçados como repórteres da revista Quatro Rodas, a pretexto de fazerem uma reportagem sobre turismo, os jornalistas brasileiros enganaram a polícia do ditador.

Na nota inicial da revista registrou que, quando a vigilância apertou, Geraldo Mori apanhou os filmes que tinha escondido na caixa d’água do apartamento, guardou as anotações de Milton Coelho no forro do blusão e deixou o país no primeiro avião. Logo em seguida, Milton também deixou o país.

Obs.: tonton- macoute: termo utilizado para designar os homens próximos ao ditador do Haití François Duvalier (o Papa Doc), os quais eram organizados em forma de grupos de paramilitares que lhe prestavam apoio ao seu regime

sexta-feira, 28 de maio de 2010

"Leituras da Revista Realidade"

por CAROLINA MOTTA E VANESSA OLIVEIRA

Letícia Nunes de Moraes é formada em Jornalismo pela PUC-SP e em História pela USP. Escreveu um livro chamado “Leituras da revista Realidade”, resultante de sua dissertação de Mestrado. Sob a perspectiva da História Cultural, a autora se propõe a analisar a recepção dos meios de comunicação, por meio da revista Realidade, apoiando a ideia do relacionamento da publicação com os leitores e retratando o jeito como estes reagiam às matérias veiculadas - em sua maioria de grande impacto, e não raro, escandalizando certos setores da sociedade. “Desvelando um mundo dialético em que, nem sempre, o desejo da revista vai ao encontro das aspirações de seus leitores que reclamam, contestam, exigem”, (MORAES, 2007:15).
A participação do leitor é mostrada claramente pelas mais de 700 cartas analisadas pela autora, publicadas na seção “Cartas dos Leitores”. Assim, Letícia assegura compreender “como a revista queria ser lida e como de fato era lida”, (MORAES, 2007:18). Todas as cartas eram datadas da primeira (e mais importante) fase da revista, que vai de seu surgimento em abril de 1966 até a instituição do AI-5 pela ditadura militar em dezembro de 1968.
O livro desperta algumas reflexões no leitor, além de ajudar entender como e o quê tinha essa revista para que edições com tiragens de 200 mil exemplares se esgotassem em apenas três dias.
Vale a pena conferir ...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Site divulga blogs de alunos do professor PC

por VANESSA OLIVEIRA e ROBERTA HOERTEL

Deu no "Jornalistas e Cia" essa semana.

                                Foto: Blog do PC 

O site de notícias “Jornalista & Cia” divulgou uma nota sobre o trabalho do Professor PC Guimarães e dos seus alunos com a produção de blogs. A nota ressaltou o blog da Revista Realidade.
O professor PC divulgou a nota também em seu blog. Blog do PC

Valeu PC!


terça-feira, 25 de maio de 2010

Preconceito EUA x Brasil na Realidade

por CAROLINA MOTTA

Na edição de outubro de 1967, uma reportagem chamou muita atenção na Revista Realidade.
A matéria e a própria capa da revista tratavam do preconceito nos Estados Unidos e no Brasil e era autoria dos jornalistas Narciso Kalili e Odacir de Matos. O tema foi escolhido, quando no mesmo mês, no Centro de São Paulo, um casal, um negro e uma branca, chamaram a atenção das pessoas que caminhavam pelas ruas. 

Alguns chegam a dizer que os jornalistas que fizeram essa matéria, reproduziram a mesma cena em seis capitais do país para provar que esse tipo de preconceito não era exclusividade dos Estados Unidos.
 Em parte da reportagem, uma mulher fala:
"Vivi toda a infância e adolescência ouvindo e aprendendo que o negro era um homem inferior. Na escola, em casa, na rua, meu pais, os professores e meus amigos sempre atribuíram aos negros maus sentimentos e atitudes negativas. Usavam os negros para coagir as crianças a não fazer travessuras. Ouvi muitas vezes a ameaça: - Olha que eu chamo o preto pra te levar!"
O uso da primeira pessoa do singular, descartando o que se costuma ver, é mais uma prova que a Realidade era mesmo uma revista muito avançada para sua época.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Revista Realidade na edição especial da Veja

por VANESSA OLIVEIRA E CAROLINA MOTTA

Saiu na edição especial da Veja essa semana.


A revista faz uma referência a Revista Realidade de janeiro de 1967, apreendida pelo Juizado de Menores. Para representar quatro décadas de mudanças de comportamento, a Veja traz novamente o assunto da Revista Realidade daquela época: "A mulher brasileira, hoje". Antes, porém, ela busca entender por que a Realidade foi tirada das bancas.
Toda a edição da revista de 67 é o retrato mais completo da mulher brasileira. Foram seis meses de reportagens e uma pesquisa encomendada ao Inese (instituto de pesquisa da época), que entrevistou 1 200 mulheres para entregar um panorama do país feminino. Foi uma espécie de fórmula desse modo de fazer jornalismo.Um modelo de tratar de questões do comportamento.
Para essa edição especial da Veja, criada dois anos depois da Revista Realidade, o leitor pode encontrar as respostas a uma parte das perguntas feitas por REALIDADE na pesquisa publicada na edição de janeiro de 1967, às mesmas questões repetidas em 1994 por VEJA e agora, em 2010, em uma enquete realizada pelo Ibope Inteligência.
Toda essa comparação ajuda a entender os avanços da posição da mulher na sociedade brasileira.

sábado, 22 de maio de 2010

Reportagens premiadas da Revista Realidade

por VANESSA OLIVEIRA

   Foto: Manoel Marques - Revista Brasileiros
José Hamilton Ribeiro é um premiadíssimo jornalista brasileiro. Trabalhou na Folha de S. Paulo, nas revistas Quatro Rodas e Realidade. Nessa última, chegou em 1966 e ficou por sete anos como editor-chefe. Ganhou três prêmios Esso de Jornalismo: em 1967, 1968 e 1973.
Na capa de uma edição histórica da Revista Realidade está estampada a foto de José Hamilton, quando, como enviado especial à Guerra do Vietnã, se misturou com o tema e se tornou vítima de uma mina terrestre. Na ocasião, perdeu a perna esquerda na explosão.
Em 1969, o jornalista escreveu um livro sobre a cobertura do mesmo conflito, O Gosto da Guerra, e ganhou mais um Prêmio Esso, desta vez na categoria jornalismo individual.
Hoje, como repórter e editor do programa Globo Rural, continua fazendo grandes reportagens.


Na Revista Realidade, em 1967, ganhou o Prêmio Esso na categoria Informação Científica com a reportagem "Uma vida por um rim". Essa abordava o avanço das cirurgias renais que eram feitas em São Paulo e contava a história e o contexto do primeiro transplante de órgão brasileiro. A reportagem relata desde a pessoa que doa o rim até aquela que recebe. Ela também narrava o trabalho dos médicos para realizar um transplante e a suas dificuldades. (Ao lado, capa de 1967 da Revista Realidade)
                                                                                                          
Em 1968, também na Revista Realidade, foi premiado na mesma categoria com a reportagem "De que morre o Brasil". O texto de José Hamilton trazia um estudo sobre as endemias, mas ia direto ao ponto: “só 43% da população brasileira chegam aos 60 anos. E as estatísticas dizem que dos nossos 80 milhões de habitantes, apenas cinco milhões não carregam uma ou mais espécies de parasitas no organismo.”. A matéria abordava a quantidade de cachorros abandonados nas ruas e consequentemente, a proliferação da Leishmaniose através deles. (Ao lado, capa de 1968 da Revista Realidade) 

Com o título “Seu corpo pode ser um bom presente”, a reportagem de 1973, deu ao jornalista o seu terceiro prêmio na Revista Realidade. Relatava a história de pessoas que necessitavam de um transplante de órgãos. A matéria trazia informações de quantas pessoas aguardavam na fila de transplante e também, alertava a população sobre a importância da doação.

No ano de 1972, José Hamilton Ribeiro foi enviado pela Realidade, junto com o restante da equipe, para fazer uma edição especial da revista na Amazônia. Após mais de um ano de trabalho, a matéria foi publicada e considerada como o maior acontecimento jornalístico do país. Nesse ano, a Revista Realidade faturou o Prêmio Esso de melhor contribuição à imprensa. A reportagem trazia dados sobre as pessoas e os contrastes da região amazônica. (Ao lado, anúncio publicado na revista Realidade de 1972 em edição especial sobre a Amazônia)
O próprio José Hamilton Ribeiro escreveu o livro "O repórter do século" em que reúne suas sete reportagens ganhadoras do Prêmio Esso. Boa parte do livro está disponibilizado (legalmente) no Google books Clique aqui para conferir.                                                                 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Revista Realidade e o Prêmio Esso

por CAROLINA MOTTA

Criado, em 1955, com o nome de "Prêmio Esso de Reportagem", o Prêmio Esso de Jornalismo é o mais importante e tradicional programa de reconhecimento de mérito dos profissionais de imprensa do Brasil e está completando 55 anos de existência ininterrupta.
Dividida em diversas categorias, o conjunto de premiações é concedido aos melhores trabalhos publicados anualmente, segundo avaliação de comissões de julgamento integradas exclusivamente por jornalistas renomados ou profissionais de comunicação.
De 1955, até os dias de hoje, concorreram ao Prêmio Esso mais de 27 mil trabalhos jornalísticos. Para os profissionais de Imprensa, a conquista de um Prêmio Esso constitui elevada distinção, não só por sua tradição mas, principalmente, pelas características de independência e credibilidade do programa, construídas e mantidas ao longo de mais de cinco décadas.
A Revista Realidade, com um time de jornalistas de primeira linha, foi premiada oito vezes pelo Prêmio Esso. Sendo esses:

1966 - Prêmio Esso de Reportagem - Autor: Luiz Fernando Mercadante - Título: "Brasileiros, Go Home"

1967 - Prêmio Esso de Informação Científica -Autor: José Hamilton Ribeiro - Título: "Uma vida por um rim"

1967 - Prêmio Esso de Reportagem - Autor: Roberto Freire - Título: "Os Meninos do Recife"

1968 - Prêmio Esso de Reportagem - Autor:  Eurico Andrade - Título: “Eles estão com fome”

1968 - Prêmio Esso de Informação Científica - Autor: José Hamilton Ribeiro - Título: "De que morre o Brasil"

1969 - Prêmio Esso de Informação Científica - Autor: Marcos de Castro - Título:"Marcinha tem salvação: amor"

1972 - Prêmio Esso de Melhor Contribuição à imprensa - Autor: Revista Realidade - Título: Edição Especial sobre a Amazônia

1973 - Prêmio Esso de Informação Científica - Autor: José Hamilton Ribeiro - Título: "Seu corpo pode ser um bom presente"