quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Pedrinho não passa de uma criança"

por ROBERTA HOERTEL

Era essa a chamada de uma matéria da Revista Realidade de setembro de 1968. Há 42 anos a revista parecia escrever sobre a realidade do país pelas décadas subsequentes. “Pedrinho não passa de uma criança – No entanto, dizem os jornais, é um bandido perigoso, que já matou três pessoas e ameaça toda uma cidade.” Talvez seja esta uma das mais atuais matérias da revista.

Ao londo das páginas, Dirceu Soares conta a história de Pedrinho, um adolescente de 14 anos que ficou conhecido em todo o país por seus crimes. Sua história começou na segunda metade dos anos 60, em Vila Clara, Zona Sul de São Paulo. Era acusado de pertencer a uma quadrilha que roubava e matava indivíduos da classe média paulistana.
 A revista mostrou que, já naquela época, meninos de bairros pobres brasileiros “aprendem a fumar maconha, tomar injeção de tóxicos (picada), a beber, a ter relações sexuais com prostitutas, a atirar, e a se familiarizar com o crime”. E nenhum brasileiro acharia estranho caso visse essa mesma reportagem estampar as páginas de um jornal na próxima semana.

A revista não parou por aí e, em maio de 1972, publico um especial dedicado às grandes metrópoles brasileiras. São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife estavam ali representadas. E como não podia deixar de ser, nas páginas daquela revista, a violência também estava estampada. Uma longa matéria foi dedicada a assaltos, sequestros-relâmpagos para saque em contas bancárias, homicídios, e o principal, como a população se sentia diante da insegurança que assolava suas vidas.

 Desta vez, o personagem principal era Portuguesinho. O jovem tinha 17 anos e havia formado uma quadrilha composta apenas por jovens adolescentes, que antes mesmo de completarem duas décadas de vida já tinham em seu “currículo” uma série de furtos e homicídios.

 A Revista Realidade acabou, mas a realidade do país continua a mesma.

Um comentário:

  1. Histórica nesse assunto é a reportagem Meninos de Recife por Roberto Freire. Nunca esqueci aquele olhar da foto

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