por ROBERTA HOERTEL
Desde seu primeiro exemplar a Revista Realidade já mostrava que não seria apenas mais uma revista no mercado. A primeira capa trazia o rosto de Pelé com um busby (acessório que a guarda inglesa utiliza na cabeça) fazendo alusão à Copa de 1966, realizada na Inglaterra. Logo abaixo, a frase "Foi assim quem ganhamos o Tri" complementava a imagem. Tudo muito bem bolado, e perfeitamente normal, caso a revista não tivesse sido publicada três meses antes do início da Copa. A revista, logo de cara, rompeu os padrões com a chamada "reportagem-sonho”. Sob o olhar dos mais críticos esse formato pode não parecer tão correto, mas esses mesmos críticos não ousariam recriminar a Revista. Apesar da brincadeira, a revista sempre primou pela qualidade. Até os dias de hoje, quem conhece a revista usa esse adjetivo para caracterizá-la.
E a primeira edição não foi diferente. Para apresentar a revista, Victor Civita escreveu uma carta. “A revista surgiu porque o Brasil está crescendo em todos as direções, é um país que se prepara para olhar de frente os seus muitos problemas a fim de analisá-los e procurar solucioná-los”. Também trouxe importantes matérias como a possibilidade de uma viagem à Lua, a atuação dos pracinhas brasileiros em São Domingos e o depoimento de Ingrid Thulin sobre sexo e amor, na visão das suecas. Além do incrível depoimento do jornalista Carlos Lacerda.
Nesse mesmo primeiro exemplar, ironicamente, havia uma propaganda da própria revista com o seguinte texto:
“Infelizmente esgotou-se o primeiro número de Realidade”. É bem possível que isso aconteça, dentro de poucos dias. Portanto, depois de ler êste exemplar, guarde-o com cuidado. E guarde os outros, de todos os meses, para formar a coleção de REALIDADE. Ou você ainda não havia pensado em colecionar a mais importante revista brasileira?”
Qualquer semelhança, foi mera coincidência...
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