Milton Coelho da Graça e Geraldo Mori eram repórteres da Revista Realidade e fizeram uma matéria histórica sobre o Haiti, onde o ditador Papa Doc comemorava dez anos de poder, ocasião em que ele seria sagrado president à la vie, presidente perpétuo.
A matéria trazia não só as impressões dos brasileiros, mas sim, um roteiro da tática para escapar da vigilância política dos tonton-macoute, o braço repressor da ditadura. A reportagem é uma das primeiras da imprensa brasileira no Haiti.
Em 1967, durante 27 dias, Milton Coelho e Geraldo Mori percorreram o Haiti. Disfarçados como repórteres da revista Quatro Rodas, a pretexto de fazerem uma reportagem sobre turismo, os jornalistas brasileiros enganaram a polícia do ditador.
Na nota inicial da revista registrou que, quando a vigilância apertou, Geraldo Mori apanhou os filmes que tinha escondido na caixa d’água do apartamento, guardou as anotações de Milton Coelho no forro do blusão e deixou o país no primeiro avião. Logo em seguida, Milton também deixou o país.
Obs.: tonton- macoute: termo utilizado para designar os homens próximos ao ditador do Haití François Duvalier (o Papa Doc), os quais eram organizados em forma de grupos de paramilitares que lhe prestavam apoio ao seu regime