segunda-feira, 31 de maio de 2010

Realidade no Haiti

por CAROLINA MOTTA

Milton Coelho da Graça e Geraldo Mori eram repórteres da Revista Realidade e fizeram uma matéria histórica sobre o Haiti, onde o ditador Papa Doc comemorava dez anos de poder, ocasião em que ele seria sagrado president à la vie, presidente perpétuo.

A matéria trazia não só as impressões dos brasileiros, mas sim, um roteiro da tática para escapar da vigilância política dos tonton-macoute, o braço repressor da ditadura. A reportagem é uma das primeiras da imprensa brasileira no Haiti.

Em 1967, durante 27 dias, Milton Coelho e Geraldo Mori percorreram o Haiti. Disfarçados como repórteres da revista Quatro Rodas, a pretexto de fazerem uma reportagem sobre turismo, os jornalistas brasileiros enganaram a polícia do ditador.

Na nota inicial da revista registrou que, quando a vigilância apertou, Geraldo Mori apanhou os filmes que tinha escondido na caixa d’água do apartamento, guardou as anotações de Milton Coelho no forro do blusão e deixou o país no primeiro avião. Logo em seguida, Milton também deixou o país.

Obs.: tonton- macoute: termo utilizado para designar os homens próximos ao ditador do Haití François Duvalier (o Papa Doc), os quais eram organizados em forma de grupos de paramilitares que lhe prestavam apoio ao seu regime

sexta-feira, 28 de maio de 2010

"Leituras da Revista Realidade"

por CAROLINA MOTTA E VANESSA OLIVEIRA

Letícia Nunes de Moraes é formada em Jornalismo pela PUC-SP e em História pela USP. Escreveu um livro chamado “Leituras da revista Realidade”, resultante de sua dissertação de Mestrado. Sob a perspectiva da História Cultural, a autora se propõe a analisar a recepção dos meios de comunicação, por meio da revista Realidade, apoiando a ideia do relacionamento da publicação com os leitores e retratando o jeito como estes reagiam às matérias veiculadas - em sua maioria de grande impacto, e não raro, escandalizando certos setores da sociedade. “Desvelando um mundo dialético em que, nem sempre, o desejo da revista vai ao encontro das aspirações de seus leitores que reclamam, contestam, exigem”, (MORAES, 2007:15).
A participação do leitor é mostrada claramente pelas mais de 700 cartas analisadas pela autora, publicadas na seção “Cartas dos Leitores”. Assim, Letícia assegura compreender “como a revista queria ser lida e como de fato era lida”, (MORAES, 2007:18). Todas as cartas eram datadas da primeira (e mais importante) fase da revista, que vai de seu surgimento em abril de 1966 até a instituição do AI-5 pela ditadura militar em dezembro de 1968.
O livro desperta algumas reflexões no leitor, além de ajudar entender como e o quê tinha essa revista para que edições com tiragens de 200 mil exemplares se esgotassem em apenas três dias.
Vale a pena conferir ...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Site divulga blogs de alunos do professor PC

por VANESSA OLIVEIRA e ROBERTA HOERTEL

Deu no "Jornalistas e Cia" essa semana.

                                Foto: Blog do PC 

O site de notícias “Jornalista & Cia” divulgou uma nota sobre o trabalho do Professor PC Guimarães e dos seus alunos com a produção de blogs. A nota ressaltou o blog da Revista Realidade.
O professor PC divulgou a nota também em seu blog. Blog do PC

Valeu PC!


terça-feira, 25 de maio de 2010

Preconceito EUA x Brasil na Realidade

por CAROLINA MOTTA

Na edição de outubro de 1967, uma reportagem chamou muita atenção na Revista Realidade.
A matéria e a própria capa da revista tratavam do preconceito nos Estados Unidos e no Brasil e era autoria dos jornalistas Narciso Kalili e Odacir de Matos. O tema foi escolhido, quando no mesmo mês, no Centro de São Paulo, um casal, um negro e uma branca, chamaram a atenção das pessoas que caminhavam pelas ruas. 

Alguns chegam a dizer que os jornalistas que fizeram essa matéria, reproduziram a mesma cena em seis capitais do país para provar que esse tipo de preconceito não era exclusividade dos Estados Unidos.
 Em parte da reportagem, uma mulher fala:
"Vivi toda a infância e adolescência ouvindo e aprendendo que o negro era um homem inferior. Na escola, em casa, na rua, meu pais, os professores e meus amigos sempre atribuíram aos negros maus sentimentos e atitudes negativas. Usavam os negros para coagir as crianças a não fazer travessuras. Ouvi muitas vezes a ameaça: - Olha que eu chamo o preto pra te levar!"
O uso da primeira pessoa do singular, descartando o que se costuma ver, é mais uma prova que a Realidade era mesmo uma revista muito avançada para sua época.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Revista Realidade na edição especial da Veja

por VANESSA OLIVEIRA E CAROLINA MOTTA

Saiu na edição especial da Veja essa semana.


A revista faz uma referência a Revista Realidade de janeiro de 1967, apreendida pelo Juizado de Menores. Para representar quatro décadas de mudanças de comportamento, a Veja traz novamente o assunto da Revista Realidade daquela época: "A mulher brasileira, hoje". Antes, porém, ela busca entender por que a Realidade foi tirada das bancas.
Toda a edição da revista de 67 é o retrato mais completo da mulher brasileira. Foram seis meses de reportagens e uma pesquisa encomendada ao Inese (instituto de pesquisa da época), que entrevistou 1 200 mulheres para entregar um panorama do país feminino. Foi uma espécie de fórmula desse modo de fazer jornalismo.Um modelo de tratar de questões do comportamento.
Para essa edição especial da Veja, criada dois anos depois da Revista Realidade, o leitor pode encontrar as respostas a uma parte das perguntas feitas por REALIDADE na pesquisa publicada na edição de janeiro de 1967, às mesmas questões repetidas em 1994 por VEJA e agora, em 2010, em uma enquete realizada pelo Ibope Inteligência.
Toda essa comparação ajuda a entender os avanços da posição da mulher na sociedade brasileira.

sábado, 22 de maio de 2010

Reportagens premiadas da Revista Realidade

por VANESSA OLIVEIRA

   Foto: Manoel Marques - Revista Brasileiros
José Hamilton Ribeiro é um premiadíssimo jornalista brasileiro. Trabalhou na Folha de S. Paulo, nas revistas Quatro Rodas e Realidade. Nessa última, chegou em 1966 e ficou por sete anos como editor-chefe. Ganhou três prêmios Esso de Jornalismo: em 1967, 1968 e 1973.
Na capa de uma edição histórica da Revista Realidade está estampada a foto de José Hamilton, quando, como enviado especial à Guerra do Vietnã, se misturou com o tema e se tornou vítima de uma mina terrestre. Na ocasião, perdeu a perna esquerda na explosão.
Em 1969, o jornalista escreveu um livro sobre a cobertura do mesmo conflito, O Gosto da Guerra, e ganhou mais um Prêmio Esso, desta vez na categoria jornalismo individual.
Hoje, como repórter e editor do programa Globo Rural, continua fazendo grandes reportagens.


Na Revista Realidade, em 1967, ganhou o Prêmio Esso na categoria Informação Científica com a reportagem "Uma vida por um rim". Essa abordava o avanço das cirurgias renais que eram feitas em São Paulo e contava a história e o contexto do primeiro transplante de órgão brasileiro. A reportagem relata desde a pessoa que doa o rim até aquela que recebe. Ela também narrava o trabalho dos médicos para realizar um transplante e a suas dificuldades. (Ao lado, capa de 1967 da Revista Realidade)
                                                                                                          
Em 1968, também na Revista Realidade, foi premiado na mesma categoria com a reportagem "De que morre o Brasil". O texto de José Hamilton trazia um estudo sobre as endemias, mas ia direto ao ponto: “só 43% da população brasileira chegam aos 60 anos. E as estatísticas dizem que dos nossos 80 milhões de habitantes, apenas cinco milhões não carregam uma ou mais espécies de parasitas no organismo.”. A matéria abordava a quantidade de cachorros abandonados nas ruas e consequentemente, a proliferação da Leishmaniose através deles. (Ao lado, capa de 1968 da Revista Realidade) 

Com o título “Seu corpo pode ser um bom presente”, a reportagem de 1973, deu ao jornalista o seu terceiro prêmio na Revista Realidade. Relatava a história de pessoas que necessitavam de um transplante de órgãos. A matéria trazia informações de quantas pessoas aguardavam na fila de transplante e também, alertava a população sobre a importância da doação.

No ano de 1972, José Hamilton Ribeiro foi enviado pela Realidade, junto com o restante da equipe, para fazer uma edição especial da revista na Amazônia. Após mais de um ano de trabalho, a matéria foi publicada e considerada como o maior acontecimento jornalístico do país. Nesse ano, a Revista Realidade faturou o Prêmio Esso de melhor contribuição à imprensa. A reportagem trazia dados sobre as pessoas e os contrastes da região amazônica. (Ao lado, anúncio publicado na revista Realidade de 1972 em edição especial sobre a Amazônia)
O próprio José Hamilton Ribeiro escreveu o livro "O repórter do século" em que reúne suas sete reportagens ganhadoras do Prêmio Esso. Boa parte do livro está disponibilizado (legalmente) no Google books Clique aqui para conferir.                                                                 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Revista Realidade e o Prêmio Esso

por CAROLINA MOTTA

Criado, em 1955, com o nome de "Prêmio Esso de Reportagem", o Prêmio Esso de Jornalismo é o mais importante e tradicional programa de reconhecimento de mérito dos profissionais de imprensa do Brasil e está completando 55 anos de existência ininterrupta.
Dividida em diversas categorias, o conjunto de premiações é concedido aos melhores trabalhos publicados anualmente, segundo avaliação de comissões de julgamento integradas exclusivamente por jornalistas renomados ou profissionais de comunicação.
De 1955, até os dias de hoje, concorreram ao Prêmio Esso mais de 27 mil trabalhos jornalísticos. Para os profissionais de Imprensa, a conquista de um Prêmio Esso constitui elevada distinção, não só por sua tradição mas, principalmente, pelas características de independência e credibilidade do programa, construídas e mantidas ao longo de mais de cinco décadas.
A Revista Realidade, com um time de jornalistas de primeira linha, foi premiada oito vezes pelo Prêmio Esso. Sendo esses:

1966 - Prêmio Esso de Reportagem - Autor: Luiz Fernando Mercadante - Título: "Brasileiros, Go Home"

1967 - Prêmio Esso de Informação Científica -Autor: José Hamilton Ribeiro - Título: "Uma vida por um rim"

1967 - Prêmio Esso de Reportagem - Autor: Roberto Freire - Título: "Os Meninos do Recife"

1968 - Prêmio Esso de Reportagem - Autor:  Eurico Andrade - Título: “Eles estão com fome”

1968 - Prêmio Esso de Informação Científica - Autor: José Hamilton Ribeiro - Título: "De que morre o Brasil"

1969 - Prêmio Esso de Informação Científica - Autor: Marcos de Castro - Título:"Marcinha tem salvação: amor"

1972 - Prêmio Esso de Melhor Contribuição à imprensa - Autor: Revista Realidade - Título: Edição Especial sobre a Amazônia

1973 - Prêmio Esso de Informação Científica - Autor: José Hamilton Ribeiro - Título: "Seu corpo pode ser um bom presente"

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Revista TAM e Revista Realidade

por ROBERTA HOERTEL

As páginas do palhaço Arrelia, citadas no post anterior, já haviam feito sucesso na época em que foram publicadas. Muito bem boladas, foram mais uma prova da qualidade que a Revista havia se proposto a levar aos leitores. O resultado de toda essa qualidade pode ser visto 42 anos depois.
Em fevereiro de 2008, a Revista TAM nas Nuvens trouxe uma matéria com Marcos Casuo, palhaço brasileiro do Cirque du Soleil. Inspirada pela Realidade de 1966, a Revista da TAM tentou diagramar suas páginas no mesmo molde da matéria com Arrelia.
Nas duas primeiras duplas vinha a foto de um homem sério, de braços cruzados, com a seguinte frase: “Você chamaria este cara de palhaço?”. A dupla seguinte trazia o mesmo homem, já vestido de palhaço, e a resposta à pergunta da página anterior: “Pode chamar, sem nenhum problema. Ele é um palhaço mesmo”.
A ideia de diagramação das páginas, utilizadas em ambas as matérias, foi a mesma. A diferença entre as duas revistas foi apenas a característica que ressaltaram sobre cada palhaço. Enquanto a Realidade quis mostrar o lado sério e respeitoso de um homem de meia idade, a Revista TAM privilegiou o porte físico de Casuo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Diagramação na Revista Realidade

por CAROLINA MOTTA

Lançada em outubro de 66, a sétima edição da Revista Realidade veio com uma matéria, com texto de Roberto Freire e fotos de Lew Parella, sobre o Palhaço Arrelia, que mostrava o porquê do sucesso das matérias da revista.
A primeira página da matéria tinha o título “Este homem é um Palhaço”, trazendo a formalidade de um retrato de um homem de meia-idade sério, numa imagem preta e branca.
Ao virar a página, o leitor se deparava com o título “ Este Palhaço é um homem”, porém agora, o retrato esbanjava cores, mostrando que aquele homem sério se transmutava em um palhaço.
Essa diagramação sequencial usada pelos editores da Revista traz, intencionalmente, uma caractéristica da revista impressa, como a organização em brochura, para produzir diferentes sentidos no passar das páginas da revista.

Essas imagens foram retiradas do livro “O Design Brasileiro: Anos 60″, organizado por Chico Homem de Melo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Agradecimento

por VANESSA OLIVEIRA

Deu no blog do J.S.Faro

Obrigada, Faro! Ficamos muito contentes em poder fazer essa entrevista com você.

Qualquer semelhança, não é mera coincidência

por CAROLINA MOTTA


Esta capa da Revista Placar com o Luís Felipe Scolari, o Felipão, foi da edição de agosto de 2008. A Revista Placar “vestiu” Felipão com o mesmo chapéu da guarda real, com o qual Pelé foi fotografado para a Revista Realidade, em 1966, às vésperas da Copa da Inglaterra.

A capa abaixo da Revista Realidade com Milton Banana, Jairzão, Magro do MPB-4, Caetano, Nara, Paulinho da Viola, Toquinho, Chico Buarque e Gil serviu de inspiração para a edição da capa da Revista Trip, que trazia nove nomes do panorama musical brasileiro de 2009.
 

segunda-feira, 17 de maio de 2010

J.S Faro fala sobre a Revista Realidade

Por CAROLINA MOTTA E VANESSA OLIVEIRA


                                      Foto: Blog J.S.Faro
J.S.Faro é graduado em História pela Universidade de São Paulo (1973), mestrado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (1992) e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1996). Como leitor da Revista Realidade, decidiu escrever sua tese de doutorado sobre ela. Depois, publicou um livro sobre a Realidade, resultado de sua tese, chamado: “Revista Realidade, 1966-1968: tempo da reportagem na imprensa”.

"Fui leitor da revista e "apaixonado" pelas matérias que foram publicadas. ", conta Faro.


VR - Porque escrever um livro e ter como objeto de estudo a Revista Realidade?
FARO - O livro resultou de minha tese de doutorado apresentada em 1996 na USP. Sempre fui um estudioso do jornalismo brasileiro, em especial dos veículos que produziram textos investigativos, de grandes reportagens. Realidade me parece ter sido a experiência que levou mais longe essa proposta, daí meu interesse por ela. Portanto, mesmo antes de pensar no doutorado e no livro, fui leitor da revista e "apaixonado" pelas matérias que foram publicadas.

VR - E como foi escrever esse livro?
FARO - Escrever o trabalho todo foi uma experiência quase existencial porque tive que reler praticamente toda a revista naqueles três primeiros anos em que a estudei mais a fundo (1966-1968). Como minha adolescência acompanhou aquelas reportagens, fiz uma viagem no tempo. Mas foi também uma experiência de natureza conceitual porque a maturidade acadêmica me permitiu olhar todo o material a partir de uma perspectiva analítica nova, observar relações que um simples leitor não observa. Para falar a verdade, foi tão envolvente que o texto do trabalho fluiu como um depoimento da memória...


VR - A Revista Realidade mudou a imprensa brasileira?
FARO - Eu não diria que ela "mudou" a imprensa brasileira porque parte do que ela fez era herança de algumas experiências que eu procuro apontar no livro. O jornalismo investigativo já existia em outras revistas. O que Realidade fez foi dar a esse gênero uma nova dimensão temática (sintonizada com as grandes questões da época) e textual (inovando nas narrativas que faziam fronteira com técnicas literárias)


VR - Qual o significado cultural dessa revista?
FARO - O significado foi um aprofundamento da problematização das pautas junto à sociedade, em especial junto ao público leitor – formado também por segmentos de influência junto à opinião pública. Digo no livro que Realidade foi um catalisador das grandes questões comportamentais e culturais dos anos 60.


VR - O seu livro conta com um subtítulo, onde você cita “o tempo de reportagem na imprensa brasileira”. O que isso quer dizer?
FARO - Quero dizer que a força que a revista adquiriu no meio jornalístico fez com ela fosse considerada um parâmetro, talvez inaugurando uma ênfase nova no jornalismo investigativo...


VR - Qual a diferença do jornalismo daquela época para hoje em dia?
FARO - Vejo o jornalismo brasileiro hoje como uma experiência empobrecida pela simplificação que seus processos de produção acabam provocando, além das dificuldades econômicas vividas pela imprensa em geral. Por outro lado, a rapidez na circulação das informações e uma certa crise de leitura que acompanha esse processo, são fatores que desestimulam um jornalismo de profundidade...


VR - Hoje existiria a possibilidade de ter uma revista como a Revista Realidade?
FARO - Penso que sim porque a crise que eu apontei na questão anterior não me parece suficientemente forte a ponto de inviabilizar experiências semelhantes. Veja os exemplos da revista Brasileiros e da revista Piauí. São publicações que permitem a produção de matérias de fôlego onde a sensibilidade do repórter é maior do que a determinação meramente informativa.


Para saber mais sobre o Faro : http://www.jsfaro.net/

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Realidade também no Orkut

Por VANESSA OLIVEIRA

O site de relacionamento ORKUT possui uma comunidade destinada a pessoas que gostam e foram leitores da Revista Realidade. Hoje, a comunidade conta com 269 membros que trocam informações entre si, compartilham curiosidades e até mesmo, vendem exemplares da revista.

Para quem também é fã da revista, e quer aderir à moda, o link é:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=2305530

Golpes Contra a "Realidade"

por CAROLINA MOTTA, ROBERTA HOERTEL E VANESSA OLIVEIRA

A Revista Realidade foi objeto de censura em dois episódios, mostrando como, sob a vigência do regime instituído pelo Golpe de 1964, acontecia os impedimentos as liberdades democráticas.

O Golpe de Estado de 1964, no Brasil, foi um desses fatos de tensões sociais, que esteve associado ao medo da “perda da propriedade”, da “perda da liberdade”, da “dissolução da moral e dos bons costumes”,

Depois do golpe e da repressão aos estudantes, artistas e intelectuais, houve um período de ressurgimento de manifestações contrárias ao regime, inclusive na grande imprensa. Acontecia também uma efervescência cultural desde a música até o teatro, porém essas problematizavam a derrota política, repensando o país.

Com esses acontecimentos, setores afinados com a nova ordem estabelecida tentavam enquadradar os “baderneiros” e normalizar supostas interferências na sociedade, sendo essas formas de expressão ou a maneira como alguns assuntos eram tratados. E foi assim que aconteceu embargo de dois números da revista Realidade.

Um exemplo foi a matéria, realizada em 1966, e intitulada “A juventude diante do sexo”. Dentro da reportagem vinha uma pesquisa com mil jovens, entre 18 e 21 anos, que haviam respondido a um questionário com o objetivo de descobrir o que eles conheciam, faziam e falavam sobre o assunto. A reportagem teria continuidade na edição seguinte, porém por uma decisão do Juiz Alberto Cavalcanti Gusmão a matéria não foi divulgada novamente. A revista foi ameaçada de que, caso fosse publicada a continuação, haveria apreensão da edição. O Juiz considerou aquilo como obsceno e chocado. E ainda na mesma edição, a seção Cartas trazia as opiniões sobre a abordagem do tema, configurando uma polêmica entre os leitores que apoiavam a iniciativa da revista e aqueles que eram contra.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Servindo de inspiração

por CAROLINA MOTTA

A revista Goodyear começou suas publicações, diferente da revista “Notícias Goodyear”, que existia nos anos 50, pois tinha recursos de inovação e competência e um aumento na qualidade textual e visual, que sua antecessora não possuía.
A Goodyear, por sua vez, não influenciou na elaboração de uma linha editorial, mas se tinha a ideia de fazer uma revista como a “Realidade” e é daí que vem a inspiração. Então, a revista Goodyear se espelhou editorialmente na revista Realidade, já que desejava aumentar a abrangência das publicações.
Para homenagear, a revista Goodyear publicou, em uma de suas edições, uma matéria sobre sua revista inspiradora. Na matéria, a Realidade era tratada como “a revista que deixou um legado para a história da imprensa brasileira” e que “até hoje é discutida nas faculdades de jornalismo, enquanto a maioria os repórteres reconhece: nunca foram tão felizes!”.
Ainda se explicava que o nome da revista Realidade era dado pelo cenário principal feito por ela, que tratava de realidade. Pautas relacionadas à família eram contínuas. O feminismo, o aborto, a contracepção, o divórcio, os jovens transviados, a Igreja eram temas abordados de forma aberta, fazendo que o leitor tomasse posição. Claro que também tinha espaço para relatar sobre a economia, a política, a sociedade em si e visões de mundo.
A Goodyear ainda fazia homenagens à publicação da revista, que virou a principal referência no mundo acadêmico, multiplicando o número de discussões em faculdades, principalmente de Jornalismo. E ainda mostrava como a sociedade reagiu a essa revista pioneira e a reação dos leitores às matérias publicadas, já que a revista tinha matérias polêmicas.

Para ler mais sobre a Revista Goodyear, entre no blog http://arevistagoodyear.zip.net/

terça-feira, 11 de maio de 2010

Primeira edição da Revista Realidade

por ROBERTA HOERTEL

Desde seu primeiro exemplar a Revista Realidade já mostrava que não seria apenas mais uma revista no mercado. A primeira capa trazia o rosto de Pelé com um busby (acessório que a guarda inglesa utiliza na cabeça) fazendo alusão à Copa de 1966, realizada na Inglaterra. Logo abaixo, a frase "Foi assim quem ganhamos o Tri" complementava a imagem. Tudo muito bem bolado, e perfeitamente normal, caso a revista não tivesse sido publicada três meses antes do início da Copa. A revista, logo de cara, rompeu os padrões com a chamada "reportagem-sonho”. Sob o olhar dos mais críticos esse formato pode não parecer tão correto, mas esses mesmos críticos não ousariam recriminar a Revista. Apesar da brincadeira, a revista sempre primou pela qualidade. Até os dias de hoje, quem conhece a revista usa esse adjetivo para caracterizá-la.
E a primeira edição não foi diferente. Para apresentar a revista, Victor Civita escreveu uma carta. “A revista surgiu porque o Brasil está crescendo em todos as direções, é um país que se prepara para olhar de frente os seus muitos problemas a fim de analisá-los e procurar solucioná-los”. Também trouxe importantes matérias como a possibilidade de uma viagem à Lua, a atuação dos pracinhas brasileiros em São Domingos e o depoimento de Ingrid Thulin sobre sexo e amor, na visão das suecas. Além do incrível depoimento do jornalista Carlos Lacerda.
Nesse mesmo primeiro exemplar, ironicamente, havia uma propaganda da própria revista com o seguinte texto:
“Infelizmente esgotou-se o primeiro número de Realidade”. É bem possível que isso aconteça, dentro de poucos dias. Portanto, depois de ler êste exemplar, guarde-o com cuidado. E guarde os outros, de todos os meses, para formar a coleção de REALIDADE. Ou você ainda não havia pensado em colecionar a mais importante revista brasileira?”
Qualquer semelhança, foi mera coincidência...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

História da Revista Realidade

por ALICE MUNIZ E CAROLINA MOTTA
A Revista Realidade foi criada em 1966, pela Editora Abril. Foi uma revista voltada para os mais diversos assuntos que obtinha uma escrita leve e com muita clareza. Esse novo padrão já era usado nos Estados Unidos (new journalism) e veio para o Brasil.
Guardadas as diferenças entre O Cruzeiro e a revista Diretrizes, é possível afirmar que ambos ajudaram para a consolidação da reportagem na imprensa brasileira, abrindo as portas para o surgimento da revista Realidade.
Ela tinha um modelo inovador, possiblitando maior liberdade para os jornalistas e editores e assim, foi criada a marca registrada da Realidade e a irreverência e criatividade das suas capas.
Numa conjuntura do pós-guerra, o quadro político brasileiro era marcado pelo populismo, o nacionalismo,que então tornava-se intensa. A prática do profissional de imprensa dos anos 60 era influenciada por essas circunstâncias, que podem explicar o surgimento da revista Realidade e o uso de técnicas literárias no seu jornalismo.
A tensão do clima político-cultural da época tornou possível a confluência dos profissionais de imprensa e das estruturas partidárias, que movimentaram Realidade.
A Revista passou por fases diferentes: Primeiramente (de 1964 1968) e, talvez a mais importante, trazia grandes temas do momento com matérias totalmente esmiuçadas sobre temas que geravam polêmica. Nesse novo estilo os jornalistas tinham total liberdade para escrever os textos em primeira pessoa, inserir diálogos com travessões, fazer descrições minuciosas de lugares, feições, objetos, alem disso era possível alternar o foco da narrativa de observador  para testemunha ou participante dos acontecimentos. Realidade era uma revista que trabalhava com ojornalista, para que ele conseguisse transmitir em suas reportagens uma idéia real do fato, através de entrevistas interativas, com o auxilio de novas técnicas de design e fotografias ousadas.
Mesmo tendo um curto período de existência, a Revista Realidade foi um divisor de águas na imprensa brasileira, rompeu com todos os padrões estruturais, aboliu o jornalismo tradicional questionando o que não era questionado, dizendo o que não era dito de maneira sutil capaz de fazer o público ler entre as entrelinhas e raciocinar por si próprio.
A Revista parou de ser publicada em 1976.

Fontes: Wikipedia e Portal Literal.